
O mês de novembro se despediu na Bahia com a força e a beleza da cultura quilombola ocupando o centro do palco. Em diferentes territórios do estado, o encerramento do Mês da Consciência Negra foi marcado por festivais que celebraram a memória, a arte e a resistência de povos que transformam a luta diária em expressão cultural vibrante.
No norte do estado e na Região Metropolitana de Salvador, as comunidades de Tijuaçu e Pitanga dos Palmares protagonizaram encontros históricos, reunindo lideranças, artistas e moradores em uma grande afirmação de identidade.
Tijuaçu: O marco da maior comunidade quilombola do Brasil
No distrito de Tijuaçu, em Senhor do Bonfim, o último fim de semana de novembro foi palco do 1º Festival Quilombola. Idealizado pela liderança local Josias do Paulo e promovido pela Associação Tareco e Mariola, o evento foi um marco para aquela que é considerada a maior comunidade quilombola do país.
“A realização do festival é um momento muito importante. Preparamos tudo para fecharmos com chave de ouro esse período tão significativo, que culminou na homenagem a Zumbi dos Palmares”, destacou Josias. A programação foi diversa, com mesas-redondas, feira gastronômica e shows, mas o objetivo central foi único: valorizar as raízes e relembrar os desafios enfrentados.
O evento contou com apoio do Governo da Bahia, através da Bahiagás, e do deputado estadual Bobô. Denise Assis, representando a Bahiagás, reforçou o caráter humano da iniciativa: “Estar aqui é reafirmar um compromisso com a valorização das identidades e com o respeito às ancestralidades”.
Simões Filho: Arte como resistência em Pitanga dos Palmares
Enquanto isso, em Simões Filho, a cultura pulsou no Quilombo Pitanga dos Palmares com a 8ª edição do Novembro das Artes Negras, promovido pela Funceb. Sob o tema “Aquilombar-se: Resistência, Arte e construção coletiva”, a programação dos dias 29 e 30 de novembro transformou o território em um espaço de pura potência criativa.
O evento se uniu à 8ª edição do Festival de Cultura e Arte Quilombola, idealizado pela saudosa Mãe Bernadete Pacífico, liderança brutalmente assassinada em 2023, cuja memória segue viva na luta da comunidade. Moradores de diversos quilombos, como Rio dos Macacos e Alto do Tororó, se reuniram para vivenciar atrações que foram da fotografia ao samba de roda.
Entre os destaques, o público conferiu o Estúdio Retina Retinta, que elevou a autoestima através da fotografia afro-referenciada; a performance “Rascunhos”, que dançou as memórias da população negra; e o show potente do grupo Performáticos Quilombo. O encerramento ficou por conta da tradição do Grupo Quixabeira da Matinha, de Feira de Santana, que levou o samba de roda para coroar um fim de semana de pura celebração da vida e da arte negra.











