
Nesta quinta-feira, a saudade já bate forte no Centro Histórico de Salvador. O Festival Afrofuturismo – Ano VII encerrou sua temporada no último fim de semana deixando o Pelourinho vibrando com novas possibilidades. A “pocket edition” deste ano não apenas fechou com chave de ouro o calendário do Salvador Capital Afro, mas consolidou a capital baiana como o epicentro da discussão sobre futuros negros nas Américas. Entre moda cyberpunk, debates sobre tecnologia ancestral e a presença de autoridades internacionais, o evento provou que o futuro já está sendo desenhado aqui e agora.
Com o tema “Ancestrais do Futuro”, o festival transformou os largos Tereza Batista, Quincas Berro D’Água e Pedro Arcanjo em um laboratório a céu aberto. Foram mais de 13 horas de conteúdo distribuídas em 14 painéis e 15 talks, reunindo 44 palestrantes de peso, como a investidora Monique Evelle, a especialista Nina Silva e a homenageada da edição, Grazi Mendes. A atmosfera foi de imersão total: desde o desfile de abertura com peças de alumínio e tecnologia da estilista Eloyá Amorim até a feira de startups que apresentou soluções inovadoras de empreendedores locais.
Inovação Verde e Raízes Conectadas
Um dos legados mais fortes desta edição foi o foco na sustentabilidade e nas conexões globais. A premiação do Hackathon destacou a juventude baiana criando aplicativos para a prevenção de desastres climáticos, com a equipe “Impact Coders” da UCSAL levando o primeiro lugar. No campo internacional, o diálogo pan-africanista ganhou corpo com a presença de Saulo Montrond (Cabo Verde) e Marcos Jamir (AfricanDev), além da visita surpresa de Abubakar Ali, representante do povo Haussá de Gana, estreitando os laços simbólicos e econômicos entre Brasil e África.


Spoiler: O Que Vem Por Aí em 2026
Enquanto ainda processamos a potência do que foi vivido, o idealizador Paulo Rogério Nunes já apontou a bússola para o próximo ano. Durante o encerramento na Casa Vale do Dendê, que também contou com o lançamento de seu livro ‘Vamos Falar de Futuro’, foi revelado o tema da megaedição de 2026: “Algo-ritmos das Florestas”.
A proposta é audaciosa e poética: fundir a lógica dos algoritmos digitais com os ritmos orgânicos dos biomas naturais. Inspirado na iminência da COP30 e na sabedoria do Norte do Brasil, o tema sugere encarar a natureza como o sistema computacional mais sofisticado que existe. “Não há nada mais tecnológico que as florestas, um ecossistema complexo e sofisticado de preservação da vida”, define Paulo Rogério. A ideia é unir ciência, cosmologia africana e indígena para repensar a Inteligência Artificial sob a luz da Inteligência Ancestral.
O Festival Afrofuturismo se despede de 2025, mas deixa a certeza de que Salvador continuará sendo o palco onde a tecnologia encontra a tradição para criar novos mundos.
Links Úteis:
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Site Oficial Vale do Dendê: https://valedodende.org











